Falando sobre os jovens








      Falando sobre os jovens – um jovem feliz!

      A felicidade de um jovem não é algo que se entende com muita tranqüilidade por ser essa uma fase muito complicada de nossas vidas. Nossos pensamentos muitas vezes se processam de forma involuntária: concordamos e discordamos de tudo e de todos sem motivos ou causas aparentes. Estamos em crise! Não sabemos quem somos, o que queremos! Mas a verdade é que despertamos e somos despertados pelas paixões que a fantasia da fase nos permite. Buscamos muitas referências, porque precisamos de modelos para seguir. Mas também somos cheios de vontade, queremos conquistar tudo e todos; queremos conquistar o mundo e não queremos ser impedidos de nada.


      Imaginem o jovem que não passa por uma educação bem ajustada em sua infância, quando se depara com suas incertezas, medos e crises da juventude? Possivelmente será vítima da falta de limites e ponderações, porque agora numa fase mais complicada, geralmente, os pais com pouca autonomia tentam reprimir e dominar o jovem que não possui outro impulso a não ser o da rebeldia. Por isso, é preciso impor o limite no tempo certo.


      No fundo, o que o jovem quer e precisa é ser conduzido, mas ele não quer ser ordenado e reprimido. A ausência dos pais priva a juventude de suas melhores referências, o que pode significar sérias conseqüências comportamentais, causando grandes problemas de ordem familiar porque nessa fase o jovem está em busca de modelos para seguir e, se não o encontra no seio familiar, vai buscar em qualquer outro lugar.


      A juventude tem manifestado cada vez mais suas vontades e certos comportamentos, nada saudáveis, acabam virando modismo social entre os jovens. Será que o jovem tem sido suficientemente educado para manifestar suas vontades tão livremente? Parece que não! Mas, se perguntarmos a qualquer jovem, ele, provavelmente, dirá que está preparado para viver sua própria vida. Nessa fase, muitos pensam ser perfeitos, inatingíveis; não possuem medo e são corajosos, sentimentos que para a autodefesa não combinam muito. Sempre pensam que os adultos é que estão errados, que são caretas, “sacais”, e que não os compreendem!


      Lidar com jovens rebeldes é muito difícil porque não apresentam causas definidas, e nada é mais complicado do que um “rebelde sem causa”. Ele atira para todos os lados, não deixando a possibilidade do estabelecimento de um diálogo que possa norteá-lo em seus anseios; ele se torna praticamente inalcançável.


      A necessidade de critérios na educação da criança é determinante para a juventude enfrentar as desventuras da vida. Se o jovem não for preparado para toda sorte de ofertas do mundo marginalizado, poderá enveredar com muita facilidade por caminhos tortuosos. É preciso que pais e educadores tornem-se referências e preparem seus filhos e alunos para fazerem as melhores opções na longa jornada dessa fase tão conflituosa da vida. O jovem de personalidade melhor ajustada tem mais condições de se proteger. Mas aquele que perde sua referência de vida nem sempre está em condições de dizer “não”, porque isso somado, geralmente, à falta de informação, e à falta de senso crítico para dizer “não” às coisas ruins pode levar o jovem a dizer “sim” sempre. E será muito triste se esse “sim” estiver relacionado com drogas, prostituição ou com o crime.


      O ser humano sempre se acha eterno nessa fase dourada da vida. Possui muita energia, mas a desperdiça improdutivamente. Perde noites de sono consumindo a força que poderiam usar para fazer coisas boas e grandiosas, como, por exemplo, estudar. Se um jovem soubesse o quanto ele desperdiça de si mesmo com o supérfluo da vida, aproveitaria melhor essa fase para alcançar suas melhores vitórias. Um jovem que possui ideais consegue direcionar sua vida sem causar prejuízo ao seu lazer e a seus estudos, porque possui objetivos. Isso lhe possibilita um amadurecimento gradativo e sistematizado, o que poderá torná-lo um adulto mais realizado na vida.


      A juventude possui uma força que ela mesma desconhece. Na Igreja, os jovens possuem papel relevante na dinâmica das atividades religiosas. Como propagadora da alegria no meio religioso, a juventude é uma mola propulsora porque jovem atrai jovem e tem ânimo para cantar, brincar, orar e louvar a Deus de forma muito forte e efetiva.


      Tempos atrás, quando havia a Congregação Mariana, todos os jovens do Brasil recebiam uma formação universalizada como se fosse uma única corrente possuidora da mesma essência religiosa em todo o país. Fazia-se um congresso no Rio de Janeiro e trinta mil congregados cantavam os mesmo cantos e oravam a mesma oração, sintonizados no mesmo propósito de louvor. Isso trazia uma força inexplicável! Era uma paz espiritual tão grande que todos ficavam, nitidamente, cheios do Espírito Santo. Pena que muitos jovens nos dias de hoje considerem isso uma chatice.


      Atualmente, o jovem anda muito desligado da vida religiosa. Ao se afastar da Igreja também está perdendo sua melhor essência: o júbilo. Acomoda-se e não se importa mais em fazer boas amizades, em inventar novas e boas diversões e também não está mais se interessando em fazer algo para mudar o clima de melancolia que aos poucos vai se instalando no meio comunitário e religioso. É muito comum ouvir jovens dizendo que falta algo nesta ou naquela igreja, mas eles pensam que não sabem o que é, não percebem que o que falta é a sua própria presença e a necessidade de fazer algo que devolva ás comunidades religiosas a alegria que está dentro deles mesmos. Mas preferem não ter que fazer nada porque só dá trabalho e esquento de cabeça! “É melhor deixar rolar”, porque “ta tudo bem”, “ta tudo legal”! Está tudo bem nada! Se estivesse tudo bem não estariam questionando o que falta!


      É preciso mudar para reencontrar o ânimo e o senso participativo, mas mudar requer doação e ao que parece, infelizmente, o jovem não está querendo mais se doar de verdade. O que é uma pena, porque a juventude é a essência da Igreja. É ela que, com seus cantos e encantos, anima e traz um clima de alegria que torna a religião mais iluminada. Quando falamos dessa essência jovem na Igreja, referimo-nos ao espírito participativo do qual muitos idosos são antigos veteranos de incontestável jovialidade, mas os jovens propriamente ditos já foram muito mais ativos e participativos na vida religiosa e comunitária em outros tempos.


      Em 1945, quando foi realizado o Primeiro Congresso Eucarístico em Vitória, Baixo Guandu levou 350 jovens que cantaram uniformizados com fitas, bandeiras e distintivos na cor azul. Era um uniforme lindíssimo. Assisti-los cantando trazia vida e muita satisfação ao espírito. Havia uma harmonia muito grande naquela juventude. Se um companheiro necessitasse de ajuda, todos realmente queriam ajudar. Entre eles havia também um cumprimento muito especial que simbolizava ainda mais aquele senso de união. Eles sempre se saudavam com um Salve Maria e todos da mesma forma respondiam a essa belíssima saudação. Falavam todos a mesma “língua” porque viviam unidos com o mesmo objetivo, o objetivo da comunidade animada que era a consequência da jovialidade e do senso de participação. Além do que, faziam parte da mesma congregação e isso os aproximava cada vez mais.


      Onde estão os jovens de nossa sociedade? Será que envelheceram? Ou melhor: onde estão os jovens de nossas igrejas? Sabemos que os jovens não sumiram de nossa sociedade, pois podemos encontrá-los nas boates, nos clubes e nas festas de finais de semanas. Quase não os encontramos mais é nas igrejas, onde é o seu melhor lugar.


      Lá fora, nas festas, nas boates, nos clubes e nos bares, encontramos jovens que vivem com intensidade, investindo sua juventude, queimando bastante energia. Já nas igrejas quase não conseguimos mais perceber a sua presença. Será que é porque ele está cansado de ter gastado toda energia no sábado e já não tem mais tarde na rua, mas quem sabe na próxima semana ele virá? As Igrejas o aguardam.


      O jovem, quando investe sua energia na vida religiosa, encontra a importância de uma vida útil a Deus. A Igreja não consome a energia da juventude, mas renova. É na vivência com Deus e com o próximo, seguindo os ensinamentos de Cristo, que se encontra o verdadeiro sentido da vida. Essa é uma grande recompensa para qualquer trabalho da messe.


      Enquanto no mundo lá fora, nos ambientes duvidosos, o jovem encontra somente satisfações momentâneas e materiais, na Igreja ele encontra a paz e nada é mais satisfatório que a paz espiritual. Deus propõe uma diversão diferente daquela que muitos jovens têm buscado à margem da religião. A diversão que Deus oferece coloca o corpo e o espírito em total comunhão, enquanto o mundo materialista oferece apenas as diversões da carne, que acabam sendo revertidas em angustia para o espírito.


      Sabemos que os jovens não gostam de ouvir certas verdades, mas algumas verdades precisam ser ditas. Para que não haja nenhum radicalismo, é importante que levemos em consideração que os tempos são outros e muitos jovens fazem suas opções de vida e, apesar dessas opções, em grande parte, desapontarem os pais, são os novos ritmos que estão aí, enganosamente os atraindo para aquilo que eles pensam ser o sentido da vida.


      Há muitos jovens abandonando valores importantes. Ninguém quer reprová-los ou proibi-los de fazer a escolha do estilo de vida que se quer seguir. A expectativa aqui é que todos parem e analisem estas palavras com bastante atenção. Lembre-se de que não há nada de errado em frequentar festas, tomar uma cervejinha ou um bom copo de vinho. O que deve ser observado é o ambiente em que essas festas se realizam e o limite em que essas bebidas são consumidas, além dos limites das expressões de certas liberdades que não passam de prisões que, impiedosamente, torturam o espírito.


      A esperança é de que os jovens sintam vontade de voltar para as igrejas, que queiram participar e conhecer outro estilo de vida, amar e assumir seus estudos com seriedade, praticar bastante esporte e brincar muito; e que venham trazer novamente para as nossas igrejas a essência da juventude que nos faz muita falta, que venham viver em comunhão com Deus, Nosso Senhor, e prestigiar a todos com sua presença. Enfim, que se mantenham sempre ocupados e que tenham sempre um ideal positivo, porque um jovem sem ideais vive uma vida sem significado nenhum.