A conclusão foi a de que elas sempre encontram uma forma de ser felizes. As crianças possuem uma liberdade natural, o que as livra de certas preocupações com a vida, e aproveitam melhor o tempo, uma vez que não precisam se preocupar nem com sua própria proteção, porque vivem rodeadas dos cuidados dos adultos. É claro que esse comportamento é consequência de uma proteção que lhes é necessária. Não fosse assim, seu mundo seria muito difícil e rodeado de sofrimentos, como é o caso do de muitas desamparadas no meio social em muitos países.
Todos nós somos muito frágeis quando crianças, apesar de que é muito bom ser criança porque a vida é sempre uma brincadeira. Porém, é a forma de proteção que recebemos que expressará a forma de educação que nos é dada e é a forma de educação que nos é dada que moldará o tipo de pessoas que seremos quando formos adultos. Por isso, é necessário todo cuidado ao proteger e ao educar uma criança para não comprometer o adulto que nascerá dela. Com o discurso de que a criança não deve ser reprimida, a infância tem perdido algumas oportunidades de amadurecimento sadio no relacionamento entre pais e filhos.
De um lado, a liberdade dos pais, que acabam perdendo até mesmo a capacidade de dialogar com os filhos quando se tornam jovens; de outro, a total exposição às ofertas indevidas como as drogas ameaças agressivas, que se formam contra a infância no mundo do crime, como, por exemplo, a exploração sexual de menores que é uma triste realidade social em vários lugares do mundo.
No processo de educação dos filhos, os pais precisam se conscientizar de que impor limites não significa agir com repressão; significa muito mais balizar e conduzir a um amadurecimento centrado, saudável e gradativo na formação de suas personalidades. Educar não é sempre dizer sim; educar é muitas vezes saber dizer não.
Nosso Pai celestial nos ensina, através de nossas experiências, que nem tudo o que queremos é o melhor para nós, mas nós desejamos assim mesmo, porque não conhecemos tudo sobre a vida. Com a criança não é diferente! Ela deseja tudo, mas assim como Deus não nos permite tudo, porque sabe o que é desejos de uma criança, porque é melhor para ela. Essas duas palavrinhas fazem muita diferença no processo da educação – há hora para dizer “sim” e hora para dizer “não”.
Antigamente, as crianças pareciam brincar mais e, embora isso possa não passar de impressão, elas pareciam mais animadas. Bom, mesmo que não fossem mais animadas, com certeza eram mais crianças. A mídia e os novos valores que surgem parecem amadurecer mais rapidamente as crianças, que cedo perdem a inocência ou a ingenuidade, mas, em se tratando de criança, ser ingênuo é ser natural. E que mal há em ser natural? Na verdade, a ingenuidade é uma coisa muito sadia quando se trata de uma criança, por ser a expressão genuína da inocência que deveria naturalmente ser encontrada em todos os pequeninos. Adiantar o amadurecimento de uma criança sem a inocência que lhe é peculiar perde o natural prazer de ser criança, porque ela passa a ver na inocência uma forma de fraqueza e, por consequência, é forçada a se tornar adulta antes do tempo.
Parece que hoje as crianças não dispõem de muito tempo para degustar essa fase mágica da vida. Quando percebem, já estão falando de namoro, discutindo sexo e desejando ter quinze anos ou mais. É interessante ouvir algumas pessoas adultas comentarem sobre sua infância. Elas estão sempre descobrindo que tiveram brincadeiras em comum, mesmo morando distantes. Realmente se pode dizer que existia uma harmonia, como se todas as crianças falassem uma língua universal. Era o tempo em que elas brincavam coletivamente de pique, rodinha, carrinho, bola, boneca e muito mais. Quase não se vêem mais grupos de crianças brincando assim, a não ser nos poucos minutos do recreio escolar, momento em que hoje elas estão preferindo discutir as coisas de adultos.
Hoje um garoto não precisa mais aprender a fazer seu carrinho de lata, nem a menina precisa aprender a fazer sua boneca de pano. De pique e de rodinha ninguém também se interessa em brincar, porque as crianças preferem a televisão. O que era muito comum de ver no dia-dia, crianças brincando em todos os lugares, hoje, virou uma raridade. Quase não se consegue mais contemplar aquelas maravilhosas cenas de corre-corre. O que é uma pena, porque criança que brinca e que tem animação para brincar é criança feliz.
Os programas e propagandas de televisão e os sofisticados brinquedos lançados pelas inúmeras empresas do ramo influenciaram muito o comportamento da garotada. Quantas crianças não se envolveram com algum tipo de vício a partir das “belas” propagandas veiculadas pelas emissoras. Afinal, só para ficar em dois exemplos: durante muitos anos, cigarros e bebidas foram fortemente ofertados na mídia como excelentes produtos a serem consumidos; a mídia interfere, e muito, no comportamento social. Por exemplo, a rebeldia em relação aos pais pode ser um comportamento copiado de muitas cenas apresentadas em programas de TV, pois não é difícil encontrar, em alguns desses programas, personagens que se enquadram nesse tipo de papel e servem de exemplos negativos para uma juventude cheia de conflitos que busca referências para organizar seu pensamento e suas concepções comportamentais.
É claro que não se quer aqui dizer que a mídia é o “bicho-papão”, que só faz desvirtuar a educação das crianças. Existem programas educativos de excelente qualidade. Mas sem o papel regulador dos pais, que deveriam selecionar melhor aquilo que pode ser visto, a criança em sua total liberdade é que acaba sendo selecionada pelos programas que possuem força de persuasão até mesmo sobre os adultos, imaginem sobre as crianças.
A indústria da diversão tende a produzir principalmente para as crianças, os adolescentes e os jovens. Tanto que o mercado quase todos os dias apresenta novidades para o lazer desse público que consome compulsivamente. Mesmo parecendo que as crianças ganharam muito com o progresso, percebe-se que elas tiveram uma grande perda com o desaparecimento das diversas e animadas brincadeiras que hoje não existem mais e pelas quais elas também não se interessariam, afinal, com tantas ofertas, aparentemente melhores! É triste saber que muitas crianças estão passando pela infância sem conhecer o verdadeiro sentido de ser criança. Lamentavelmente, essas brincadeiras são lembradas apenas em alguns eventos culturais, que muito raramente acontecem. Tornaram-se patrimônio histórico de quem hoje já não é mais criança.
Esses valores ficaram no passado com as crianças que não existem mais porque hoje são adultos. Infelizmente, esse legado foi negado às novas gerações. As crianças não querem mais aprender a fazer seus próprios brinquedos, afinal, é mais fácil comprá-los prontos. Fazer brinquedos é uma forma de brincar estimulando a criatividade, mas isso, comparado ao que o mercado oferece, tornou-se brincadeira sem graça. Aqueles que puderam criar brincando e brincar criando sabem que as cantigas de rodas eram verdadeiras e mágicas canções que as crianças, adolescentes e jovens inspiraram a criação. E de onde será que o saudoso Monteiro Lobato tirou os personagens Emília e Visconde de Sabugosa do Sítio do Pica-pau Amarelo? Pena que nem todos os programas infantis são como o sítio do Pica-pau Amarelo! Porque está ai a prova de uma boa programação, que a televisão transmite. Há muitos programas infantis de qualidade; cabe aos pais selecioná-los.
Um grupo de crianças bem animado brincando com alegria é uma cena maravilhosa de contemplar. Criança animada tem vontade de brincar e essa vontade deve ser levada para as fases subsequentes do seu ciclo de vida, pois, a medida que vai crescendo, com ela cresce o estímulo para a vida. Esse é um estado espiritual que deve permanecer em todas as fases, pois como criança, será animada para brincar; como adolescente, será animada para brincar e também para estudar; como jovem, será animado para estudar, praticar esportes e planejar o futuro. Assim, por consequência, será uma pessoa animada, cheia de vontade de fazer coisas grandes e importantes. Com certeza, será um profissional promissor com condições de assumir responsabilidades, pois terá como consequência a maturidade por ter sido uma criança, um adolescente e um jovem feliz.